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VALE3 3T24

A Vale S.A., um dos maiores nomes do setor de mineração global, acaba de divulgar os resultados financeiros do terceiro trimestre de 2024 (VALE3 3T24). Em um cenário de desaceleração econômica na China, acordos multimilionários e flutuações no preço do minério de ferro, a empresa se mantém no centro das atenções de investidores e analistas. Mas será que o desempenho da companhia realmente corresponde ao entusiasmo do mercado? Os números podem contar uma história diferente.

De longe, a Vale continua a impressionar com uma operação robusta, mantendo sua posição como uma das principais fornecedoras de minério de ferro e expandindo seu portfólio para metais básicos, cruciais para o futuro da energia limpa. No entanto, com o recente acordo de R$ 170 bilhões sobre o desastre de Mariana, além do impacto significativo de itens não recorrentes nos lucros deste trimestre, algumas perguntas surgem. Estaríamos diante de um otimismo excessivo do mercado ou de uma verdadeira virada na trajetória da Vale?

Estrutura e Operação da Vale

A Vale é uma gigante da mineração, focada principalmente em minério de ferro e com uma participação menor em metais básicos como cobre, que está cada vez mais atrelado à demanda por baterias e veículos elétricos. A operação da Vale tem uma estrutura de “Corporation” – sem um acionista controlador –, mas o governo, através da Previ, ainda mantém alguma influência. Isso pode ser um ponto de atenção, pois há intervenções esporádicas que afetam a governança da empresa.

Cenário do Minério de Ferro e Variação no Preço do Ativo

Durante este trimestre, o minério de ferro enfrentou uma leve desvalorização, reflexo direto do enfraquecimento da economia chinesa. Apesar disso, as ações da Vale mostraram um pequeno aumento de preço. No entanto, vejo aqui uma “boa vontade” do mercado em relação ao ativo, que parece descolado da realidade dos preços do minério. Esse é um ponto importante porque o mercado parece estar ignorando que, sem os ganhos não recorrentes (que não são sustentáveis a longo prazo), a lucratividade da empresa pode diminuir.

Acordos Legais e Questões Ambientais

Um dos pontos de destaque foi o acordo de Mariana, fechado em torno de R$ 170 bilhões. Este valor veio bem acima das previsões de mercado, que giravam em torno de R$ 100 bilhões poucos meses atrás. Isso me levanta uma questão: enquanto o mercado comemorou o fechamento do acordo, talvez tenha sido subestimado o impacto financeiro para a Vale, ainda que seja positivo ver a resolução desse passivo. A empresa continua investindo em planos de mitigação de riscos para suas barragens, o que é essencial para evitar novos desastres e melhorar sua imagem junto ao mercado.

Resultados Financeiros e Operacionais

Em termos de produção, a Vale continua entregando bem – minério de ferro e metais básicos têm mantido uma estabilidade operacional. Mas quando olhamos para os números financeiros, a história muda. A receita líquida caiu 4% comparado ao trimestre anterior e 10% em relação ao mesmo período do ano passado. A margem EBITDA ajustada também deu uma leve caída, de 40,2% para 39,2%. Isso aponta um desafio em manter a lucratividade diante das oscilações de preço do minério e o cenário macroeconômico, especialmente com a economia chinesa desacelerando. Mas destaco a estrutura de capital da empresa, que segue robusta, com dívida líquida sobre EBITDA em 0,5x – algo bem controlado.

Metais Básicos e Sustentabilidade

Aqui está um ponto onde mantenho o pé atrás. O setor de metais básicos da Vale, que abrange operações com cobre e níquel, é uma área promissora por conta da transição energética, mas precisa de mais atenção à ética de produção. Esses setores enfrentam questões como o uso de trabalho infantil e condições de trabalho adversas em algumas regiões. Além disso, a mineração nesses países causa impacto ambiental significativo. Dado o histórico da Vale, ainda existem incertezas sobre como ela vai gerenciar esses desafios.

Considerações Finais

A Vale é, sem dúvida, uma operação tecnicamente bem estruturada e eficiente. Contudo, vejo que o preço atual do ativo reflete um otimismo um pouco excessivo do mercado. Isso se dá porque parte dos resultados foi inflada por itens não recorrentes, o que não será sustentável no longo prazo. Além disso, o impacto de Mariana, embora aparentemente “digerido” pelo mercado, representa um custo significativo para a companhia.

Considerando o cenário macroeconômico e as incertezas no preço do minério de ferro, minha visão é que a Vale se tornaria uma oportunidade de portfólio mais interessante se o ativo estivesse mais descontado. Afinal, a empresa ainda enfrenta grandes desafios e, mesmo com resultados sólidos, há vários fatores que precisam ser ajustados antes de justificar um otimismo tão grande.

Atualmente possuo uma pequena posição em Vale, e aguardo para mais compras na região entre R$ 40 e R$ 50.

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