Recentemente, a Bolsa de Valores brasileira, a B3, ganhou mais um ETF que paga dividendos mensais, o DIVD11 do Itaú. Esse é o segundo ETF com essa característica no mercado brasileiro, sendo o primeiro o NDIV11, lançado pelo Nubank.
Mas será que vale a pena investir nesses ETFs? Vamos explorar essa questão com base nas informações apresentadas.
Importante: Esta análise não é uma indicação de compra ou venda de ativo do mercado financeiro. É simplesmente o compartilhamento de uma opinião pessoal para possíveis estudos.
O Surgimento dos ETFs de Dividendos Mensais
A tendência de ETFs que pagam dividendos mensais não é exclusiva do Brasil. Nos Estados Unidos, há muitos ETFs que pagam dividendos mensais em dólar, atraindo investidores que buscam uma renda regular. Observando essa demanda, instituições financeiras brasileiras começaram a lançar seus próprios ETFs com essa característica.
NDIV11 do Nubank
O primeiro ETF de dividendos mensais no Brasil foi o NDIV11, do Nubank. Apesar da inovação, esse ETF não tem se mostrado uma boa opção de investimento. A taxa de administração é de 0,50% ao ano, e o ETF segue o índice IBOB Smart Dividends, criado em parceria com a B3.
Esse índice é bastante concentrado, com uma alta exposição a poucas ações, o que pode aumentar o risco para o investidor.
DIVD11 do Itaú
O Itaú lançou recentemente o DIVD11, o segundo ETF que paga dividendos mensais no Brasil. Esse ETF segue o índice IDIV, que é o índice de dividendos da B3. O IDIV é composto por 53 ações de 49 empresas diferentes, algumas com múltiplas classes de ações, como Petrobras, que possui ações ordinárias (PETR3) e preferenciais (PETR4).
A taxa de administração do DIVD11 é também de 0,50% ao ano, e o valor inicial de negociação será a partir de R$50. Comparado ao índice do Nubank, o IDIV é menos concentrado, o que pode oferecer uma diversificação maior e, potencialmente, um risco menor.
Comparação Entre NDIV11 e DIVD11
Apesar das semelhanças na estrutura e na taxa de administração, há diferenças significativas entre os dois ETFs:
- Composição do Índice: O NDIV11 segue um índice mais concentrado, enquanto o DIVD11 segue o IDIV, que é mais diversificado.
- Principais Posições: No índice do NDIV11, as principais ações incluem Cemig, Taesa e Banco do Brasil. Já o DIVD11 inclui Petrobras, Gerdau e Vale, entre outras.
- Desempenho: A concentração maior do NDIV11 pode levar a uma maior volatilidade. No entanto, o histórico de desempenho mostra que, frequentemente, ETFs que não pagam dividendos mensais acabam performando melhor devido à reinvestimento automático dos dividendos.
Tributação e Eficiência
Um ponto crucial para os investidores brasileiros é a questão da tributação. No Brasil, os dividendos de ETFs são tributados em 15%, assim como os ganhos de capital. Isso reduz a atratividade dos ETFs de dividendos mensais em comparação com outras estratégias de investimento.
Nos Estados Unidos, a tributação é de 30%, mas lá, todos os investimentos são igualmente tributados, o que torna os ETFs de dividendos mensais mais atraentes.
Para investidores que desejam replicar o desempenho dos ETFs sem pagar a taxa de administração, uma alternativa é comprar diretamente as ações que compõem o índice seguido pelo ETF. Isso pode resultar em um rendimento maior, uma vez que os dividendos recebidos diretamente de ações são isentos de imposto de renda para pessoas físicas no Brasil.
Pontos de Atenção
- O DIVD11 acompanha o índice IDIV, que reúne as 53 ações brasileiras com maior histórico de pagamento de dividendos. Já o NDIV11 segue o índice Ibovespa Smart Dividendos, que é mais concentrado e possui apenas 30 empresas.
- A taxa de administração de ambos os ETFs é de 0,50% ao ano.
- Apesar do DIVD11 ter mais diversificação, o NDIV11 apresentou um retorno superior desde o início de 2024. Isso se deve à tributação de 15% sobre dividendos e ganhos de capital de ETFs no Brasil.
- Duas boas alternativas ao invés de investir em ETFs de dividendos mensais:
- Comprar diretamente as ações do índice IDIV na B3. Isso permite maior controle sobre os investimentos e elimina a taxa de administração.
- Investir em ETFs que reinvestem os dividendos, como o NSDV11. Essa estratégia beneficia-se do efeito dos juros compostos no longo prazo.
- O DIVD11 ainda não está disponível para negociação, mas inicia em 11 de junho de 2024.
Quais as Vantagens de Investir no DIVD11?
- Renda passiva regular: O DIVD11 distribui dividendos mensalmente, no décimo dia útil após a divulgação dos proventos pelas empresas do índice. Essa característica permite aos investidores contar com uma fonte de renda previsível e recorrente, ideal para quem busca compor patrimônio a longo prazo ou complementar a renda mensal.
- Diversificação: Ao investir no DIVD11, você diversifica seus investimentos em 51 empresas de diferentes setores da economia brasileira, reduzindo o risco da sua carteira. Isso significa que o desempenho do seu investimento não estará atrelado ao sucesso ou fracasso de apenas uma ou poucas empresas.
- Gestão profissional: O DIVD11 é gerido por profissionais experientes da Itaú Asset, que acompanham de perto o mercado e as empresas do índice, garantindo que o ETF esteja sempre alinhado com seus objetivos de investimento.
- Praticidade e baixo custo: Investir em ETFs é extremamente prático. Você pode comprar e vender cotas do DIVD11 diretamente na B3, a bolsa de valores brasileira, através de uma corretora de valores. Além disso, a taxa de administração do DIVD11 é de apenas 0,50% ao ano, tornando-o um dos ETFs mais acessíveis do mercado brasileiro.
Quais os Riscos de Investir no DIVD11?
- Risco de mercado: Como qualquer investimento em renda variável, o DIVD11 está sujeito ao risco de mercado. Isso significa que o valor das cotas do ETF pode oscilar de acordo com as condições do mercado, podendo gerar lucros ou perdas.
- Risco de crédito: O DIVD11 investe em ações de empresas, que podem apresentar dificuldades financeiras ou até mesmo falir. Nesse caso, o investidor pode perder parte do seu capital investido.
- Risco de dividendos: Os dividendos pagos pelas empresas do índice não são garantidos e podem ser reduzidos ou suspensos a qualquer momento. Isso pode afetar a rentabilidade do investimento no DIVD11.
Por Que Investir no ETF DIVD11?
Eficiência do Investimento Indexado
Investir no DIVD11 permite que você acompanhe a performance das maiores pagadoras de dividendos da bolsa de valores com uma única operação. Isso proporciona eficiência e praticidade ao investimento, principalmente para o investidor iniciante.
Distribuição Mensal de Dividendos
Os dividendos são pagos mensalmente, o que garante uma renda regular para os cotistas. Esta distribuição ocorre no décimo dia útil do mês seguinte ao recebimento dos proventos pelas empresas que compõem o índice.
Diversificação da Carteira
Ao investir no DIVD11, você ganha acesso a mais de 45 empresas que se destacam no pagamento de dividendos, promovendo uma diversificação significativa na sua carteira de investimentos.
Aplicação Mínima Acessível
Com aproximadamente R$ 50,00, você já pode começar a investir no DIVD11, tornando-o acessível a uma ampla gama de investidores.
Taxa de Administração Competitiva
O fundo cobra uma taxa de administração de 0,50% ao ano, que é competitiva em comparação a outros produtos similares no mercado.
Aluguel de Ações
A gestora do fundo, Itaú Asset, pode alugar até 70% das ações da carteira, o que gera retorno adicional para os cotistas sem que eles precisem fazer nada.
Tributação Simplificada
Os ganhos de capital são tributados a uma alíquota de 15%, independentemente do período de investimento. Não há incidência de IOF nem de come-cotas.
Conclusão
Investir em ETFs de dividendos mensais, como o DIVD11 do Itaú, pode não ser a melhor estratégia para todos os investidores devido à tributação e às taxas de administração. Para aqueles que buscam uma renda passiva regular, esses ETFs podem ser convenientes, mas há alternativas que podem oferecer um rendimento melhor com menor custo.
A decisão de investir em um ETF de dividendos mensais deve ser baseada em uma análise cuidadosa do perfil de risco, da composição do índice e das implicações fiscais. Investidores que desejam maximizar seus rendimentos podem considerar a compra direta das ações que compõem os índices, evitando as taxas de administração e beneficiando-se da isenção fiscal sobre os dividendos recebidos diretamente.
Particularmente, prefiro investir diretamente nas ações que são focadas em dividendos ao invés de ETFs, mas isso requer anos de estudos para tomar boas decisões.
Seja qual for a escolha, é fundamental que cada investidor faça sua própria pesquisa e considere suas metas financeiras antes de tomar qualquer decisão de investimento.