O mercado de investimentos é dinâmico e repleto de oportunidades para investidores de todos os tipos, e entre as diversas estratégias e operações disponíveis, o “follow-on” tem ganhado destaque em 2023. Neste artigo, exploraremos em detalhes o que é o follow-on, por que as empresas optam por realizá-lo, como ocorre, os diferentes tipos, suas vantagens e desvantagens, bem como a diferença entre e IPO (Oferta Pública Inicial)/Subscrição. Além disso, discutiremos o cenário atual de follow-ons em 2023 para entender o motivo pelo qual está “na moda” esse tipo de operação..
- O que é Follow-On
- Por Que Empresas Fazem Follow-On
- Como Acontece
- Tipos de Follow-On
- Follow-On é Bom ou Ruim para Quem Já Possui Ações?
- Qual a Diferença Entre Follow-On e IPO?
- Qual a Diferença Entre Follow-On e Subscrição?
- Vantagens de um Follow-On
- Desvantagens de um Follow-On
- Determinando o Preço e o Bookbuilding
- Quem Pode Participar de Follow-On?
- Avalie os Fundamentos da Empresa
- Conheça as Condições do Follow-On
- Por Que Tantas Empresas Estão Fazendo Follow-On em 2023?
- O Impacto das Ofertas de Ações: 06 Pontos Importantes
- Perguntas Frequentes
O que é Follow-On
Primeiramente, o conceito de follow-on, ou “seguimento” em português, é uma operação financeira que ocorre no mercado de capitais quando uma empresa já listada em bolsa decide emitir novas ações, que são adicionadas às já existentes. Essa emissão ocorre com o objetivo de captar recursos financeiros adicionais. No contexto do follow-on, a empresa emite ações adicionais, que são adquiridas por investidores interessados, permitindo à companhia arrecadar dinheiro para financiar projetos, pagar dívidas ou promover seu crescimento.
Por Que Empresas Fazem Follow-On
As empresas optam por realizar follow-ons por diversos motivos, sendo os principais:
- Necessidade de Capital: Uma das razões mais comuns para uma empresa realizar um follow-on é a necessidade de capital. As organizações podem buscar recursos adicionais para financiar projetos de expansão, pesquisa e desenvolvimento, aquisições estratégicas ou quitar dívidas.
- Estímulo ao Crescimento: O follow-on pode ser uma estratégia para estimular o crescimento da empresa. Ao captar mais recursos, a companhia tem condições de expandir seus negócios, aumentar sua presença de mercado e melhorar sua competitividade.
- Refinanciamento de Dívidas: Empresas que possuem dívidas em seus balanços podem usar o follow-on como forma de refinanciar essas obrigações. A captação de recursos novos pode ser direcionada para pagar dívidas com taxas de juros mais elevadas.
Como Acontece
O processo de realização de um follow-on envolve várias etapas, e a empresa deve seguir um conjunto de procedimentos para torná-lo efetivo. Em geral, o procedimento inclui a seleção de instituições financeiras para auxiliar na emissão, a determinação do preço das novas ações e a divulgação das informações relevantes aos investidores.
Determina-se o preço das novas ações, conhecido como “preço de emissão”, por meio de um processo chamado “bookbuilding”. Esse processo envolve a coleta de ofertas de compra de investidores interessados e a definição do preço que melhor atende aos objetivos da empresa.
Tipos de Follow-On
Existem diferentes tipos de follow-on, cada um com suas características específicas:
Ofertas Primárias: Nesse tipo de follow-on, a empresa emite novas ações e direciona os recursos captados para seu próprio caixa. Isso é comum quando a empresa precisa de capital para financiar projetos de crescimento.
Ofertas Secundárias: Nas ofertas secundárias, os acionistas existentes vendem parte de suas ações. A empresa não arrecada recursos diretamente com essa modalidade, mas ela permite que os acionistas realizem lucros ou reduzam sua participação na empresa.
Oferta Pública: Esse tipo de follow-on é disponível para qualquer investidor interessado em adquirir as novas ações. É uma maneira de ampliar a base de acionistas.
Oferta com Esforços Restritos: Nas ofertas com esforços restritos, direciona-se a venda das novas ações apenas a investidores qualificados, como instituições financeiras e investidores de grande porte.
Follow-On é Bom ou Ruim para Quem Já Possui Ações?
A percepção de se o follow-on é bom ou ruim para quem já possui ações depende de diversos fatores, incluindo os objetivos de investimento de cada acionista e a maneira como a empresa gerencia a operação. Em termos gerais, o impacto pode ser positivo, uma vez que a captação de recursos adicionais pode fortalecer a empresa e abrir novas oportunidades de crescimento. No entanto, a diluição da participação acionária é uma preocupação legítima para os investidores existentes.
Qual a Diferença Entre Follow-On e IPO?
O follow-on e o IPO são duas operações relacionadas ao mercado de ações, mas com propósitos diferentes:
- IPO (Oferta Pública Inicial): O IPO é o processo de lançamento das ações de uma empresa na bolsa de valores pela primeira vez. É a primeira oportunidade para o público em geral adquirir ações da empresa. O objetivo principal é arrecadar capital para a empresa e possibilitar que ela se torne uma empresa de capital aberto.
- Follow-On: O follow-on ocorre após o IPO. Nesse caso, uma empresa já listada na bolsa emite novas ações, geralmente com o objetivo de captar recursos adicionais.
Qual a Diferença Entre Follow-On e Subscrição?
A subscrição é um processo pelo qual os acionistas existentes de uma empresa têm a preferência na aquisição de novas ações emitidas por essa empresa. Em contraste, o follow-on é um processo mais amplo, em que se oferecem as novas ações a investidores em geral, não necessariamente apenas aos acionistas existentes.
Vantagens de um Follow-On
Existem várias vantagens em realizar um follow-on:
- Aumento de Liquidez: A emissão de novas ações pode aumentar a liquidez das ações da empresa, tornando mais fácil a compra e venda.
- Reforço de Caixa: O follow-on pode fortalecer o caixa da empresa, fornecendo capital adicional para investimentos, redução de dívidas ou outras necessidades financeiras.
- Estímulo ao Crescimento: A captação de recursos adicionais pode impulsionar o crescimento da empresa, permitindo a expansão de suas operações.
- Mudança da Composição Acionária: Dependendo de quem adquire as novas ações, a composição acionária da empresa pode mudar, o que pode ter implicações estratégicas.
Desvantagens de um Follow-On
Por outro lado, existem desvantagens em realizar um follow-on:
- Diluição de Acionistas: A emissão de novas ações dilui a participação dos acionistas existentes, reduzindo sua parcela de propriedade na empresa.
- Necessidade de Aporte Financeiro para Acionistas: Os acionistas que desejam manter sua participação no mesmo nível podem precisar investir mais dinheiro para adquirir novas ações.
- Necessidade da Empresa por um Aporte Financeiro: A realização de um follow-on pode sinalizar que a empresa enfrenta dificuldades financeiras, o que pode afetar negativamente a confiança dos investidores.
Determinando o Preço e o Bookbuilding
O processo de determinação do preço de emissão das novas ações, conhecido como “bookbuilding,” é fundamental em um follow-on. Nele, a empresa e os bancos de investimento envolvidos na operação coletam as ofertas de compra dos investidores interessados. Define-se o preço com base na demanda e oferta, visando maximizar a arrecadação de recursos e garantir que as ações sejam vendidas.
Portanto, quando o investidor vai participar de um follow on por bookbuilding, ele informe o valor que está disposto a pagar, e isso é surpresa para todos os investidores. Quando se tem toda a composição de ofertas, o follow on é lançado na média, e se sua oferta for condizente com esse lançamento, a ordem é executada.
Esse processo pode variar de corretora para corretora, por exemplo, algumas permitem que você deixe o valor livre e a ordem execute independente do valor que “saia” do bookbuilding. No entanto, outras corretoras exigem que o investidor informe um valor, portanto, esse processo deve ser verificado antes de participar da operação.
Quem Pode Participar de Follow-On?
Investidores de diferentes tipos podem participar de um follow-on. Isso inclui investidores institucionais, pessoas físicas, fundos de investimento e até mesmo outras empresas que desejam adquirir ações da empresa emissora.
Avalie os Fundamentos da Empresa
Antes de investir em um follow-on, é essencial avaliar os fundamentos da empresa emissora. Isso inclui analisar suas finanças, histórico de desempenho, estratégia de crescimento e concorrência. Uma empresa com fundamentos sólidos é mais propensa a usar os recursos captados de forma eficaz.
Conheça as Condições do Follow-On
Além disso, os investidores devem estar cientes das condições do follow-on, incluindo o preço de emissão das novas ações, a quantidade de ações a serem emitidas e o destino dos recursos arrecadados. Geralmente divulgam-se essas informações no prospecto da operação.
Por Que Tantas Empresas Estão Fazendo Follow-On em 2023?
Em 2023, observa-se um aumento no número de empresas que optam por realizar follow-ons. Várias razões podem explicar essa tendência, pois o acesso a capital adicional se tornou uma necessidade, especialmente em momentos de incertezas econômicas ou crises. Além disso, as empresas buscam aproveitar oportunidades de crescimento e expansão, e o follow-on é uma forma eficaz de obter recursos para esses fins.
O Impacto das Ofertas de Ações: 06 Pontos Importantes
No contexto econômico de 2023, o mercado de capitais do Brasil tem sido palco de uma atividade notável relacionada às ofertas subsequentes de ações, conhecidas como “follow-ons”. De acordo com informações fornecidas pela B3, as ofertas subsequentes já alcançaram um impressionante montante de R$ 29,3 bilhões em 2023, provenientes de 17 operações.
Esse valor está prestes a superar o registro de 19 operações ocorrido em 2022. No entanto, como é de praxe no cenário financeiro, uma pergunta fundamental se destaca: essas ofertas são vantajosas tanto para as empresas quanto para seus acionistas?
1. A Situação do Mercado de Capitais em 2023
Para compreender o cenário atual dos follow-ons, é crucial analisar o que aconteceu em 2022. Naquele ano, o mercado de capitais estava praticamente fechado, o que limitou as opções das empresas para emitir ações. No entanto, a situação mudou drasticamente em 2023, com o aumento das taxas de juros e a expectativa de uma redução na taxa Selic.
Esses fatores incentivaram muitas empresas a voltarem-se para o mercado de capitais. Portanto, para as empresas, obter financiamento dos bancos se tornou muito caro. O mercado de capitais, em certos casos, oferece uma alternativa mais vantajosa.”
2. O Papel Significativo das Taxas de Juros
As taxas de juros desempenham um papel fundamental nas decisões das empresas em relação aos follow-ons. Em períodos anteriores, como em 2020, o mercado de capitais se expandiu porque as taxas de juros mais baixas tornaram os ativos de risco mais atraentes. Isso resultou em um influxo significativo de capital na Bolsa de Valores, com investidores em busca de retornos superiores aos da renda fixa.
No entanto, a atual alta da taxa Selic, apesar do início do ciclo de queda, teve um impacto significativo nas finanças de muitas empresas. Muitas delas enfrentam dificuldades operacionais, uma vez que o acesso mais restrito ao crédito afeta suas receitas, ao passo que os maiores gastos financeiros com dívidas aumentam seus custos.
3. Motivos por Trás das Ofertas Subsequentes
O que os investidores precisam analisar, em primeiro lugar, é por que a empresa está realizando um follow-on. Se entende-se o motivo, pode-se determinar a destinação dos recursos. Quando uma empresa menciona “reforço do capital de giro,” ela está basicamente admitindo que não possui fundos suficientes para pagar salários e fornecedores, ou seja, para manter as operações em andamento.
Um exemplo de follow-on que poderia ter sido melhor, foi o caso do Grupo Casas Bahia (BHIA3), atualmente conhecido como Via. Em meio a um processo de reestruturação, a empresa lançou uma oferta de ações com o objetivo de captar R$ 1 bilhão, mas conseguiu arrecadar apenas R$ 622 milhões por meio da emissão de 750 milhões de novas ações, resultando em uma diluição de cerca de 47%.
4. Follow-ons para Fomentar a Expansão
Por outro lado, algumas empresas optam por realizar follow-ons com o intuito de expandir seus negócios. Um exemplo notável é o da Localiza (RENT3), que captou um impressionante montante de R$ 4,5 bilhões. Ela recentemente realizou uma oferta, aproveitando o momento propício para aquisição de veículos a preços mais acessíveis, o que gerou valor. Não precisavam do capital, mas o obtiveram ao identificar uma oportunidade“.
5. Exemplos de Empresas Intensivas em Capital
Recentemente, empresas intensivas em capital também recorreram a follow-ons para fortalecer seus balanços, preparando-se para tirar proveito da redução das taxas de juros. Exemplos incluem as construtoras Direcional (DIRR3) e MRV (MRVE3), que juntas captaram mais de R$ 1,4 bilhão.
O início de 2023 testemunhou as primeiras operações concentradas na reestruturação do capital de empresas altamente endividadas, como CVC (CVCB3), Dasa (DASA3) e Hapvida (HAPV3). No entanto, isso não exclui a possibilidade de outras empresas em situações delicadas seguirem o mesmo caminho.
6. Análise Caso a Caso
Diante deste cenário diversificado, os investidores devem adotar uma abordagem de análise minuciosa para cada situação. A razão subjacente de um follow-on desempenha um papel crucial na decisão de aceitar ou não uma diluição.
Vale lembrar que, empregando-se os recursos de forma produtiva, o lucro a médio e longo prazo pode superar qualquer diluição de curto prazo. No entanto, quando os recursos são mal utilizados, como na aquisição de empresas problemáticas, o valor dos acionistas originais pode ser prejudicado.
Por fim, o cenário dos follow-ons em 2023 é complexo e diversificado. Cada empresa tem suas razões para optar por essa estratégia, e cabe aos investidores avaliar cuidadosamente os motivos por trás de cada follow-on antes de tomar uma decisão. À medida que o mercado de capitais continua a evoluir, compreender as nuances dessas operações se torna essencial para qualquer pessoa envolvida no mundo das finanças.
Perguntas Frequentes
As principais razões incluem a necessidade de capital, o estímulo ao crescimento e o refinanciamento de dívidas.
O IPO é a oferta pública inicial de ações de uma empresa, enquanto o follow-on ocorre após a empresa já estar listada na bolsa e envolve a emissão de novas ações.
Investidores institucionais, pessoas físicas, fundos de investimento e outras empresas podem participar de um follow-on.
Devem avaliar os fundamentos da empresa, a razão por trás do follow-on e as condições da oferta.
A alta das taxas de juros e a busca por capital adicional em momentos de incertezas econômicas são fatores que contribuem para essa tendência.