Desde as mudanças sazonais até as oscilações da economia, o ciclo de ações está presente em nosso redor. Cada um é impulsionado por forças distintas e composto por fases individuais. Assim, esses ciclos também desempenham um papel no movimento das ações, e compreender suas dinâmicas pode ser fundamental para identificar possíveis oportunidades de negociação e investimento.
Identificar as etapas do ciclo de ações pode também cultivar a virtude da paciência. No mundo das finanças, a paciência é uma grande aliada. Ela evita vendas precipitadas em momentos de notícias desfavoráveis, pois o entendimento do estágio do ciclo permite resistir às adversidades.
A arena de investimentos é repleta de distrações e ruídos, por isso, é crucial ter um plano ao fazer um investimento, incluindo metas claras de entrada e saída, bem como um horizonte temporal definido. Um plano ajuda os investidores a navegarem nas turbulências. No entanto, ter excessiva paciência também pode acarretar riscos, como esperar indefinidamente pela recuperação de uma ação ou aumentar a posição enquanto o preço continua a declinar.
As quatro etapas de um ciclo do mercado de ações são acumulação, valorização, distribuição e desvalorização. Vamos explorar mais a fundo cada uma dessas etapas.
Etapa 1: Acumulação
A acumulação marca o início do ciclo de mercado, podendo ser observada em ações individuais, setores ou no mercado como um todo. Caracteriza-se por movimentos de preço lentos e laterais, que permanecem dentro de uma faixa e podem durar por um longo período, algumas vezes anos.
Nesse momento, o “dinheiro inteligente” começa a acumular ações. São os grandes players que precisam adquirir posições significativas, porém evitam fazê-lo de uma só vez, receando elevar os preços e aumentar os custos. Portanto, compram em intervalos regulares, quando a ação atinge os níveis de preço desejados. Isso sustenta a ação e a eleva levemente. Posteriormente, esperam que o movimento seja absorvido e o preço retorne ao patamar desejado antes de repetir o processo.
Nessa fase, poucos investidores de varejo participam, uma vez que a ação de preço é pouco notória e não desperta atenção. No entanto, investidores de longo prazo podem encontrar aqui oportunidades para colher maiores ganhos. A recomendação, entretanto, é evitar entrar de uma vez.
Comprar tudo de uma vez pode resultar em perder um preço melhor no dia seguinte ou na semana seguinte. Abordagens fracionadas podem ser mais eficazes.
Etapa 2: Valorização
Assim como a acumulação é caracterizada pelos níveis de suporte e resistência que contêm a ação de preço, a valorização é marcada pela elevação do preço acima da resistência. Essa “quebra” frequentemente traz consigo um aumento no volume de negociação. Isso ocorre devido à entrada de instituições e indivíduos que não compraram durante a fase de acumulação.
Nessa etapa, o preço pode transitar de uma fase neutra para uma tendência ascendente. A observação de máximas e mínimas mais altas após a quebra pode indicar claramente o início da fase de valorização. Esse tipo de movimento atrai atenção, e à medida que mais compradores adentram o mercado, a tendência de alta se fortalece, eventualmente tornando-se parabólica antes de entrar na próxima etapa.
Alguns investidores optam por paciência nesses momentos, esperando para comprar a um preço mais vantajoso, se possível. Isso pode envolver o uso de médias móveis simples para monitorar níveis significativos de suporte e resistência.
“A maioria dos traders técnicos considera definir uma ordem de compra logo acima de um nível de suporte, antecipando um ressalto”, explica Coffey. “Se a ordem deles estiver abaixo do nível de suporte e o suporte se mantiver, a ordem pode não ser executada.”
Em qualquer etapa do ciclo, é importante manter-se fiel ao plano de negociação mesmo quando as coisas não evoluem conforme o esperado.
Etapa 3: Distribuição
Essa é a fase de pico para uma ação, setor ou o mercado como um todo. Ela indica um período de rotação, com os primeiros compradores – aqueles que adquiriram durante a acumulação – e os compradores posteriores começando a vender suas posições.
Um sinal característico dessa etapa é um aumento no volume, mas sem correspondente aumento no preço. De fato, essa fase frequentemente registra o maior volume de negociações, pois o otimismo prevalece. Inicialmente, os novos compradores podem absorver as vendas, mas isso não é suficiente para manter a elevação do preço. Nesse cenário, a ação pode até colapsar sob seu próprio peso.
Identificar essa fase do ciclo de mercado pode ser feito por meio de padrões gráficos, como o topo de cabeça e ombros ou um duplo topo. Um rompimento abaixo da média móvel de 200 dias também pode confirmar o término da fase de distribuição.
Etapa 4: Desvalorização (ou declínio)
Essa é a etapa final do ciclo de mercado, e aquela que muitos investidores desejam evitar. Nesse ponto, os compradores que entraram durante a fase de distribuição e agora estão em prejuízo começam a vender. Com as instituições já fora do jogo, há poucos novos compradores para absorver o aumento nas vendas, o que pode incentivar mais vendas.
Esse efeito cascata pode levar a uma rápida queda nos preços, acompanhada por um volume elevado de negociações. Essa fase geralmente chega ao fim quando um nível de suporte crítico é rompido, e o volume frequentemente ultrapassa a média diária. Isso marca o momento em que a maior parte das vendas líquidas se esgota, e a ação pode retornar à fase de acumulação.
Conclusão
Em um mundo onde a velocidade de ganhos muitas vezes é valorizada acima de tudo, o poder da paciência revela-se como uma habilidade essencial para os investidores. Compreender as quatro etapas do ciclo de ações – acumulação, valorização, distribuição e desvalorização – não apenas fornece uma visão profunda do comportamento das ações, mas também promove a capacidade de agir com discernimento em momentos cruciais.
A paciência, como aprendemos, não é apenas sobre esperar passivamente; é sobre ter um plano sólido e manter a calma em meio à turbulência. Ao navegar pelas diferentes fases do ciclo de ações, investidores podem evitar decisões precipitadas e se posicionar de forma estratégica para maximizar seus ganhos a longo prazo.
Portanto, lembre-se: enquanto o mercado de ações é dinâmico e muitas vezes imprevisível, a paciência é uma virtude que pode ser sua maior aliada. Mantenha-se informado, tenha um plano bem definido e permita que o conhecimento das quatro etapas do ciclo de ações oriente suas decisões.
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