A Bolsa de Valores é um dos principais indicadores econômicos de um país, refletindo o desempenho das empresas listadas e o sentimento dos investidores. No Brasil, assim como em outros países, a taxa de juros desempenha um papel crucial na dinâmica da Bolsa de Valores. Neste artigo, exploraremos a relação entre a taxa de juros e as quedas observadas na Bolsa de Valores brasileira, destacando a influência que as mudanças na taxa de juros têm sobre o comportamento dos investidores e o desempenho do mercado de ações.

Taxa de juros e a atratividade dos investimentos

Primeiramente, é necessário saber que a taxa de juros é um fator-chave na decisão dos investidores em relação a onde alocar seu capital. Quando as taxas de juros estão elevadas, os investimentos de renda fixa, como títulos do governo, tornam-se mais atrativos em termos de retorno e segurança.

Por isso, parte dos investidores direciona seus recursos para esses investimentos mais conservadores, que foi o que aconteceu durantes os últimos meses, reduzindo então a demanda por ações e pressionando o mercado de ações para baixo.

Custo de capital e investimentos empresariais

A taxa de juros também influencia diretamente o custo de capital para as empresas. Taxas de juros mais altas aumentam os custos de empréstimos e financiamentos, o que pode desencorajar os investimentos empresariais. Por isso, empresas que dependem de financiamento para expandir seus negócios podem adiar ou reduzir seus planos de investimento devido ao aumento dos custos de capital.

Inegavelmente, essa diminuição nos investimentos empresariais pode afetar negativamente o desempenho das ações e levar a uma queda na Bolsa de Valores.

Efeito sobre setores sensíveis à taxa de juros

Alguns setores da economia são particularmente sensíveis às mudanças dessa taxa. Por exemplo, o setor imobiliário e o setor financeiro têm uma relação direta com as taxas de juros. Assim, quando as taxas estão altas, o custo do crédito aumenta, o que pode desacelerar o mercado imobiliário e reduzir os lucros dos bancos. Isso pode levar a uma queda nas ações desses setores e impactar negativamente o desempenho geral da Bolsa de Valores.

Sentimento do investidor e aversão ao risco

A taxa de juros também influencia o sentimento dos investidores em relação ao risco. Quando as taxas estão altas, os investidores tendem a se tornar mais cautelosos e avessos ao risco, buscando investimentos mais seguros. Isso pode resultar em uma venda generalizada de ações, levando a uma queda na Bolsa de Valores. Além disso, quando há incertezas em relação à política monetária e a possibilidade de aumentos futuros nas taxas de juros, os investidores podem antecipar as consequências negativas e reduzir suas posições em ações.

Impacto das políticas econômicas e decisões do Banco Central

As políticas econômicas e as decisões do Banco Central têm um papel fundamental na definição das taxas de juros. Ações do governo, como mudanças na taxa básica de juros (Selic), podem ter um impacto significativo no mercado de ações. Decisões de aumentar ou reduzir a taxa de juros podem influenciar a confiança dos investidores e desencadear movimentos na Bolsa de Valores.

Estudo de Caso

A alta da taxa de juros prejudica as empresas de construção civil devido ao encarecimento do crédito, redução da demanda por imóveis, aumento dos custos de financiamento de longo prazo e incertezas no mercado. As empresas precisam adotar estratégias financeiras sólidas e buscar alternativas de financiamento para lidar com esse cenário.

Por isso, é importante, principalmente nesses momentos, que você busque empresas sólidas e descontadas na medida do possível. Foi a oportunidade que vi em MRVE3, que chegou a cair quase 70% desde 2021 até março e abril 2023. Veja o gráfico abaixo, comparando a Selic x MRVE3 x MGL3:

Perceba que conforme a SELIC diminui, esses dois ativos performam o inverso, e, conforme a taxa aumenta, ambos diminuem. Conforme já explicado, e apenas para reforçar, isso impacta diretamente no financeiro da empresa, e o mercado antecipa seus movimentos conforme as previsões de estabilidade ou não da taxa de juros.

Obviamente, é impossível prever o futuro e saber quando o ativo irá parar de sangrar na cotação, por isso, conforme você pode ver em Minhas Operações. Fui aumentando gradativamente minha posição no ativo, que hoje, com a estabilização da taxa de juros, possui operações com mais de 130% de valorização.

Também fiz o mesma estratégia com outro ativo, a Trisul (TRIS3), que já acompanho há muito tempo e conheço a eficiência da empresa em períodos de crise. Também possuo operações de compra com pais de 100% de valorização da cota.

Portanto, esses momentos deixam claros a importância de você ter uma reserva de emergência/oportunidade robusta para aproveitar momentos críticos, pois como diz Howard Marks, você deve aproveitar de movimentos cíclicos (alta e baixa da taxa de juros).

Esses foram alguns exemplos das maiores posições que montei durante a instabilidade da taxa de juros, mas fiz diversos aportes durante esse período, esperando a estabilidade da taxa e consequentemente uma valorização dos ativos.

Conclusão

Por fim, a taxa de juros desempenha um papel importante na dinâmica da Bolsa de Valores brasileira. As quedas observadas no mercado de ações muitas vezes estão ligadas a mudanças na taxa de juros, afetando a atratividade dos investimentos, o custo de capital para as empresas, setores sensíveis à taxa de juros, o sentimento dos investidores e as políticas econômicas. É fundamental que os investidores acompanhem de perto as mudanças na taxa de juros e compreendam seu impacto no mercado de ações para tomar decisões de investimento informadas e adaptar suas estratégias de acordo com o ambiente macroeconômico.

Concluindo, essa oscilação dos ativos causada pela variação da taxa de juros, na maioria das vezes irá ocorrer. O questionamento é: Como você reagirá a isso? Se arriscará mais comprando ativos na baixa mesmo sem uma previsão de estabilidade, ou irá para a segurança do retorno da renda fixa? A resposta certa é a que se encaixa melhor na sua estratégia.

Bons investimentos para nós!